domingo, 22 de agosto de 2010

O irreal não me engana


Às vezes eu me chateio por coisas tão tolas que se alguém me pergunta o que houve, nem eu sei dizer. Às vezes até sei, mas prefiro esconder.
Estava eu, trancado no meu quarto, me afogando em possibilidades que, talvez, só existam ao meu pensar. Eu mergulho de cabeça nesses pensamentos não muito bons, e o ambiente ao meu redor parece sombrio, sinto um clima pesado e um cansaço nos ombros. Eu sei que fora há uma chuva infernal que se misturaria com minhas lágrimas, caso eu estivesse lá. Minha vontade é deitar naquela cama e me entregar à tristeza que me cutuca e me chama pra abraçá-la.
Passa um tempo. Eu continuo com aquela ideia de antes, mas eu prefiro acreditar que eu estou errado. Eu prefiro acreditar na mentira, desde que seja bem contada e me faça bem, me engane.
Olho por cima dos meus ombros e vejo uma luz inconfundível iluminando a sala. É o sol. Eu acreditei no mundo que eu imaginei, mas prefiro viver a realidade. Para quê estar triste se o dia está sorrindo para mim? Agora meus ombros estão erguidos e estou indo lá fora para o sol secar estas lágrimas e absorver todo o peso das minhas costas.

Eu corri para fora antes que o sol fosse embora e esquecesse de me regar.
Minutos são suficientes.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A festa


Me deito e basta. A festa começa. Pessoas, das quais me recordo, surgem pouco a pouco pelos cantos. A música toca alta. Cada cômodo que olho assustado penso ver você. Mais atento: é você no meio de toda aquela gente, se destacando apenas aos meus olhos. A música pode estar agora no volume máximo. Mas só o som da tua suave voz ecoado em minha mente consigo ouvir. Nada me engana, só você se movimenta daquela maneira. Eu tento me aproximar, mas as pessoas ali dançando parecem querer impedir isso. Você me olha como quem precisa de ajuda. Sabemos que não da minha. Não me importo. Eu sei que estou aqui para isso, para te tirar dessa festa infernal que não nos agrada nem um pouco. Finalmente, chego cerca de ti, seguro tua mão e tento encontrar alguma saída. Agora com você junto a mim, tudo parece mais fácil. Os "convidados intrusos" parecem não mais se importar com nossa ligação. Eles desmancham enquanto passamos por eles. De repente, as luzes se vão e um breu imenso cobre o espaço ao nosso redor. Aos poucos, sinto tua mão largar a minha e não consigo distinguir se é por tua vontade. Isso me encabula. A ausência da claridade me implica, mais ainda a sua. Num relance, a escuridão se vai e tudo e todos parecem ter ido junto. Não há nada e mais ninguém. Eu me sinto na única opção de fechar os olhos para esconder aquele enorme vazio a minha volta. Me deparo com outro vazio. Só que agora, dentro de você em mim. E me recordo do momento em que te deixei partir e tentei te ouvir dizer. Não consegui saber se disse "tchau" ou "te amo". Inútil. Da mesma forma, continuo seguro que nada vai mudar e vou te ver outra vez. Te sinto e abro os olhos. Acordei. Ontem, a festa não foi como havia planejado. Você quis assim.