sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A festa


Me deito e basta. A festa começa. Pessoas, das quais me recordo, surgem pouco a pouco pelos cantos. A música toca alta. Cada cômodo que olho assustado penso ver você. Mais atento: é você no meio de toda aquela gente, se destacando apenas aos meus olhos. A música pode estar agora no volume máximo. Mas só o som da tua suave voz ecoado em minha mente consigo ouvir. Nada me engana, só você se movimenta daquela maneira. Eu tento me aproximar, mas as pessoas ali dançando parecem querer impedir isso. Você me olha como quem precisa de ajuda. Sabemos que não da minha. Não me importo. Eu sei que estou aqui para isso, para te tirar dessa festa infernal que não nos agrada nem um pouco. Finalmente, chego cerca de ti, seguro tua mão e tento encontrar alguma saída. Agora com você junto a mim, tudo parece mais fácil. Os "convidados intrusos" parecem não mais se importar com nossa ligação. Eles desmancham enquanto passamos por eles. De repente, as luzes se vão e um breu imenso cobre o espaço ao nosso redor. Aos poucos, sinto tua mão largar a minha e não consigo distinguir se é por tua vontade. Isso me encabula. A ausência da claridade me implica, mais ainda a sua. Num relance, a escuridão se vai e tudo e todos parecem ter ido junto. Não há nada e mais ninguém. Eu me sinto na única opção de fechar os olhos para esconder aquele enorme vazio a minha volta. Me deparo com outro vazio. Só que agora, dentro de você em mim. E me recordo do momento em que te deixei partir e tentei te ouvir dizer. Não consegui saber se disse "tchau" ou "te amo". Inútil. Da mesma forma, continuo seguro que nada vai mudar e vou te ver outra vez. Te sinto e abro os olhos. Acordei. Ontem, a festa não foi como havia planejado. Você quis assim.